Cai para 35% a renda máxima comprometida com empréstimos consignados de aposentados e pensionistas

Cai para 35% a renda máxima comprometida com empréstimos consignados de aposentados e pensionistas

Desde março do ano passado, a margem era de 40%. Desde sexta-feira (10), os juros para os consignados para aposentados e pensionistas aumentaram de 1,8% para 2,14% ao mês. As taxas do cartão de crédito consignado foram de 2,7% para 3,06% ao mês.


Por Jornal Nacional

Os juros máximos dos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas aumentaram.

A empregada doméstica Cleidemar de Oliveira já tinha feito vários empréstimos consignados para descontar na pensão por morte que recebe do marido. No ano passado, depois de um câncer, refinanciou as dívidas. Hoje, tem oito consignados que comprometem 40% da renda dela.

“Trabalho de diarista, trabalho bastante e tiveram muitas pessoas que também me ajudaram nesse período que fiquei parada, minha família me ajudou”, conta.

A partir de janeiro, aposentados e pensionistas vão poder comprometer no máximo 35% da renda dos benefícios com empréstimos consignados. Desde março do ano passado, a margem era de 40%. Outra mudança já está em vigor: o teto dos juros para esse empréstimo subiu.

Desde sexta-feira passada (10), os juros para os consignados para aposentados e pensionistas aumentaram de 1,8% para 2,14% ao mês. As taxas do cartão de crédito consignado foram de 2,7% para 3,06% ao mês.

Fábio Gallo, professor de finanças e economista da FGV, fez os cálculos: o novo teto significa uma cobrança de juros de quase 30% ao ano. E dá um exemplo: considerando um empréstimo de R$ 3 mil para pagar em 12 meses, na taxa de empréstimo antiga, o desconto por mês ficaria em R$ 280. Na taxa nova, pouco mais de R$ 286. No ano, uma diferença de R$ 71.

“As taxas de juros são muito altas mesmo no crédito consignado. Comparativamente, ele é um crédito mais barato, mas você deve usar esse crédito com muita parcimônia, só se for necessário, para sair de uma situação de endividamento muito drástica e que você troque uma dívida mais cara por essa mais barata”, explicou.

A Federação Brasileira de Bancos diz que o aumento da taxa foi necessário para viabilizar as operações de consignados em vários bancos. Os juros básicos da economia subiram. Além disso, existem custos, como inadimplência.

“Na verdade, existe inadimplência no produto quando o pensionista ou o aposentado do INSS falece. Esse débito, que fica em aberto, a instituição financeira não cobra dos familiares dele. Fora isso, tem custo administrativo para gerenciar esse empréstimo, ele não é gratuito”, destacou Rafael Baldi, diretor-adjunto de Produto da Febraban.

A professora da Fundação Getúlio Vargas e coordenadora do Departamento Jurídico do Sindicato dos Aposentados, Tonia Galleti, diz que é preciso pensar muito bem antes de recorrer ao consignado.

“Eles são o único recurso que se pode confiar de receber para se alimentar, para pagar um aluguel, para sobreviver, já que muitos deles não têm mais força de trabalho. Então, é preciso tomar bastante cuidado e cuidar com muito zelo desse recurso”, afirmou.

Fonte: G1

Fonte: SBT